quarta-feira, 5 de julho de 2017

Quando Chega a Provação – Humberto Pazian.


“E navegando, Ele adormeceu;        sobreveio uma tempestade de ventos no lago, e o barco enchia-se de água, estando eles em perigo. E chegando-se a Ele, o despertaram, dizendo: Mestre, Mestre, estamos perecendo. E Ele levantando-se, repreendeu o vento e a fúria da água; e cessaram, e fez-se bonança. E disse-lhes: Onde está fossa fé – Jesus / Lucas, 8: 23-24.

Conhecedores da bondade e da justiça divina, realizadas através das sucessivas reencarnações com que somos agraciados, deveríamos entender e aceitar com tranqüilidade e paciência as perturbações e sofrimentos que porventura nos acometem. Entretanto, não é isso o que geralmente sucede.
Quando o sofrimento bate à nossa porta, muitas vezes, a melancolia, a tristeza, o desespero e a apatia recaem sobre nós.
As belas palavras de coragem e ânimo que, em muitas ocasiões, nós mesmos proferimos, tentando levantar irmãos cambalidos, não nos fazem efeito algum, ecoam em nossas mentes, mas não se fixam, e diminuem suas freqüências até extinguirem-se.
Os livros e as orações que antes nos estimulavam, convidando-nos a elevar o pensamento a regiões de paz e alegria, já não conseguem erguer-nos a um centímetro do solo enrijecido pela frieza de nossas emoções.
Os problemas parecem não ter fim muito menos soluções. Por mais que tentemos imaginar saídas, nada se aclara, nada se abre.
Nosso pensamento se fixa nas dificuldades como uma única idéia, e nela revira-se e remói-se, não dando espaço e nem condições para que surja, desse lodaçal em que nos emaranhamos, uma flor simbolizando a esperança que nunca deveria esmorecer.
Nossas preces tornam-se súplicas, nas quais o lamento confunde-se com o ceticismo. O desespero faz-nos acreditar não estarmos sendo ouvidos, e nem tampouco atendidos em nossas solicitações.
Nesse momento, então, sentimo-nos sós, desalentados, tristes e com medo. Medo do que supomos acontecer, do que nossa mente intranqüila e febril espera que aconteça.
Até esse ponto, quase todos nós já chegamos em determinados momentos de nossas existências. Os problemas, as situações, os motivos devem ter sido os mais variados possíveis, mas o sentimento de impotência com relação a eles, com certeza, foi o mesmo.
O que difere em cada um de nós é a maneira como lidamos com as situações: se nos resignamos e procuramos entender a vontade de Deus; se mesmo enfraquecidos na fé persistimos e aguardamos a Providência Divina; se a orientação intuitiva dirigida a nós pelos protetores espirituais se fez ouvida e a paciência tornou-se absoluta. E, se mesmo com o fel da revolta, suportamos essa tormenta em nossas existências, com certeza algo ganhamos, adquirimos para o nosso espírito (que somos nós, nossa essência eterna). A Vida mostrou-nos sua importância, ficamos com ela e, portanto, vencemos.
Este é o grande momento em que a vida é repensada, a fé questionada e os valores ponderados. Todo aquele que prossegue mesmo em dor entende que a vida é o bem de maior valia que o Criador nos concede, preparando-nos para limpar nossas almas as manchas do passado, encaminhando-nos para um glorioso porvir.
Infelizmente, há aqueles para quem a vida perde seu significado sublime, as vozes de intercessores encarnados e desencarnados não se fazem ouvir, o desencanto lhes anuvia a mente e o coração já não se esforça pelo ritmo da existência.
O medo e a desilusão entorpecem-lhes os sentidos, e a vida tão almejada, tão cobiçada por todas as criaturas que dela necessitam, é arrancada por vontade própria, contrariando os desígnios do alto e dando início a um período de suplícios, permeando ambos os planos de existência, para que a lei faça seu justo equilíbrio.
Livro: O Valor da Vida.
Humberto Pazian.

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