sábado, 9 de abril de 2016

Porĉiama kondamno / Condenação perpétua (4)

         “Altiriĝi al la dia unueco, jen la celo de la homaro; por ke oni ĝin trafu, estas necesaj tri kondiĉoj: justeco, amo kaj klereco; tri aferoj ĝin kontraŭas: neklereco, malamo kaj maljusteco. Nu, vere mi diras al vi, ke vi falsas tiujn fundamentajn principojn, kompromitante la ideon pri Dio per troigo de Lia severeco; vi duoble kompromitas tiun ideon, lasante penetri en la Spiriton de la kreito, ke en ĉi tiu estas pli da kompatemo, mildeco, amo kaj vera justeco, ol kian vi konsentas al la Superega Estulo; vi eĉ nuligas la ideon pri la infero, farante ĉi tiun ridinda kaj neakceptebla por viaj kredoj, kia estas, por viaj koroj, la terurega spektaklo de l’ mezepokaj ekzekutistoj, punbrulejoj kaj turmentoj! Kiel! ĉu nun, kiam la tempo de l’ blindaj revenĝoj estas por ĉiam forviŝita de la homaj leĝaroj, vi esperas ilin ideale konservi? Ho, kredu min, kredu min, fratoj per Dio kaj Jesuo-Kristo, aŭ rezignaciu pri la pereo, en viaj manoj, de ĉiuj viaj dogmoj prefere, ol pri ilia variemo; aŭ viajn dogmojn revivigu, elmetante ilin al la bonfaraj efluvoj, per kiuj la bonaj Spiritoj ilin nun surverŝas. La ideo pri la infero kun ĝiaj ardaj fornegoj, kun ĝiaj kaldronegoj entenantaj ĉiam bolantan fluidaĵon, povis esti tolerata, tio estas, pardoninda en fera jarcento; sed en la dek-naŭa jarcento, ĝi jam nenio estas krom vana fantomo, taŭga maksimume, por timigi infanojn; cetere, kiam pli aĝaj, ĉi tiuj ne plu kredas tian fantomon. Persistante en tiu teruriga mitologio, vi naskas nekredemon, kaŭzon de socia malorganizo; mi tremas, vidante tutan socian ordon skuata kaj falruiniĝanta ĉe sia bazo, pro manko de puna sankcio. Arde kaj vive kredantaj homoj, antaŭgvardio de l’ tago de lumo, al la afero, do! ne por daŭrigadi kadukajn kaj de nun nekredindajn fabelojn, sed por reflamigi, revivigi la veran punan sankcion, sub formoj konformaj al viaj moroj, viaj sentoj kaj la lumoj de via epoko.
Kio estas, efektive, kulpulo? Tiu, kiu, per ia dekliniĝo, per falsa movo de sia animo, sin deturnas de la celo de la Kreado, nome, de la harmonia kulturado de belo, de bono, idealigitaj de l’ homa pratipo, de l’ Dio-Homo, de Jesuo-Kristo.
Kio estas puno? Ĝi estas la natura sekvo de tiu falsa movo; iomo da doloroj necesaj al tio, ke la homo abomenu sian kriplecon, per la provo de sufero. Puno estas sprono, instiganta la animon, per aflikto, sin refaldi sur sin mem kaj reveni al la savbordo. La celo de puno estas neniu alia ol rehonorindiĝo, liberiĝo. Voli, ke puno estus eterna, pro kulpo ne eterna, estas nei la tutan pravon de ekzisto de la puno.
Ho! mi vere diras al vi, ĉesu, ĉesu loki flanko ĉe flanko, koncerne eternecon, Bonon, esencon de l’ Kreinto, kaj Malbonon, esencon de l’ kreito; tio estus starigi nepravigeblan punon. Asertu, kontraŭe, la gradan estingiĝon de punoj kaj suferoj per transmigroj: vi tiel plifirmigos, per la prudento ligita al la sento, la dian unuecon.” - Paŭlo, apostolo.
Libro: La Libro de la Spiritoj – Allan Kardec.
“Gravitar para a unidade divina, esse é o objetivo da Humanidade. Para atingi-lo, três coisas lhe são necessárias: a justiça, o amor e a ciência; três coisas lhe são opostas e contrárias: a ignorância, o ódio e a injustiça.(2) Pois bem: em verdade vos digo que mentis a esses princípios fundamentais ao comprometer a idéia de Deus com o exagero de sua severidade, e duplamente a comprometeis, deixando penetrar no Espírito da criatura o pensamento de que ela possui mais clemência, mansuetude, amor e verdadeira justiça do que costumais atribuir ao Ser Infinito. Destruís mesmo a idéia de inferno, tornando-a ridícula e inacessível às vossas crenças, como o é para os vossos corações o horrendo espetáculo das execuções, das fogueiras e das torturas da Idade Média. Mas como? É quando a era das represálias cegas já foi superada pelas legislações humanas que esperais mantê-la numa forma ideal? Oh! Crede-me, irmãos em Deus e em Jesus Cristo, crede-me ou resignai-vos a deixar perecer nas vossas mãos todos os vossos dogmas, para permitir a sua alteração, ou então vivificai-os, abrindo-os aos benéficos eflúvios que os bons Espíritos derramam neste momento sobre eles. A idéia do inferno com suas fornalhas ardentes, com suas caldeiras ferventes pode ser tolerada ou admissível num século mitológico; mas no século dezenove não passa de vão fantasma que só serve para amedrontar as criancinhas, e no qual essas mesmas já não acreditam quando se tornam um pouco maiores. Persistindo nessa mitologia apavorante engendrais a incredulidade, origem de toda a desorganização social: eis porque tremo ao ver toda uma ordem social abalada e a ruir sobre as próprias bases por falta de sanção penal. Homens de fé ardente e viva, vanguardeiros do dia da luz, ao trabalho, pois! Não para manter velhas fábulas atualmente desacreditadas, mas para reavivar e revitalizar a verdadeira sanção penal sob forma que correspondam aos vossos costumes, aos vossos sentimentos e às luzes da vossa época.
Quem é, com efeito, o culpado? Aquele que por um extravio, por um falso impulso da alma se distancia do objetivo da Criação, que consiste no culto harmonioso do belo e do bem idealizado pelo arquétipo humano, pelo homem-deus, por Jesus Cristo.
Qual é o castigo? A conseqüência natural decorrente desse falso impulso; uma quantidade de dores necessárias para fazê-lo aborrecer-se da sua deformação, pela prova do sofrimento. O castigo é o aguilhão que excita a alma pela amargura a voltar-se sobre si mesma, a retornar ao caminho da salvação. O objetivo do castigo não é outro senão a reabilitação, a redenção. Querer que o castigo seja eterno, por uma falta que não é eterna, é negar-lhe toda a razão de ser.
Oh! Em verdade vos digo, cessai, cessai de pôr em paralelo, na eternidade, o Bem, essência do Criador, com o Mal, essência da criatura: isso seria criar uma penalidade injustificável. Afirmai, ao contrário, o abrandamento gradual dos castigos e das penas pelas transmigrações e consagrareis, pela razão ligada ao sentimento, a unidade divina.” - Paulo, o Apóstolo.
Livro: O Livro dos Espíritos – Allan Kardec.
(2) Este trecho da comunicação de Paulo lembra as tríades druídicas sobre as quais há interessante estudo de Kardec na "Revue Spirite", publicado em separata no folheto "Espiritismo: antigüidade, evolução e propagação", do Clube dos Jornalistas Espíritas de S. Paulo. Veja-se ainda o livro de Leon Denis: "Le Genie Celtique et le Monde Invisible", edição Jean Meyer, Paris, 1927. (N. do T.).

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