sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Obsessão e Evangelho

Reunião pública de 9/9/1960
Questão nº 244 
A quem diga que o Espiritismo cria obsessões na atualidade do mundo, respondamos com os próprios Evangelhos.
Nos versículos 33 a 35, do capitulo 4, no Evangelho de Lucas, assinalamos o homem que se achava no santuário, possuído por um Espírito infeliz, a gritar para Jesus, tão logo lhe marcou a presença: “que temos nós contigo?” E o Mestre, após repreendê­lo, conseguiu retirá­lo, restaurando o equilíbrio do companheiro que lhe sofria o assédio.
       Temos aí a obsessão direta.
Nos versículos 2 a 13, do capitulo 5, no Evangelho de Marcos, encontramos o auxilio seguro prestado pelo Cristo ao pobre gadareno, tão  intimamente manobrado por  entidades cruéis, e que mais se assemelhava a um animal feroz, refugiado nos sepulcros.
Temos aí a obsessão, seguida de possessão e vampirismo.
Nos versículos 32  e 33, do capitulo 9, no Evangelho de Mateus, lemos a noticia de que o povo trouxe ao Divino Benfeitor um homem mudo, sob o controle de um Espírito em profunda perturbação, e, afastado o hóspede estranho pela bondade do Senhor, o enfermo foi imediatamente reconduzido à fala.
Temos aí a obsessão complexa, atingindo alma e corpo.
No versículo 2, do capitulo 13, no Evangelho de João, anotamos a palavra positiva do apóstolo, asseverando que um Espírito perverso havia colocado no  sentimento de Judas a ideia de negação do apostolado.
Temos aí a obsessão indireta, em que a vitima padece influência aviltante, sem perder a própria responsabilidade.
Nos versículos 5 a 7, do capítulo 8, nos Atos dos Apóstolos, informamo­nos de que Filipe, transmitindo a mensagem do Cristo, entre os samaritanos, conseguiu que muitos coxos e paralíticos se curassem, de pronto, com o simples afastamento dos Espíritos inferiores que os molestavam. Temos aí a obsessão coletiva, gerando moléstias­fantasmas.
E, de ponta a ponta, vemos que o Novo Testamento trata o problema da obsessão com o mesmo interesse humanitário da Doutrina Espírita.
Não nos detenhamos, diante dos críticos contumazes. Estendamos o serviço de socorro aos processos obsessivos de qualquer procedência, porque os princípios de Allan Kardec revivem os ensinamentos de Jesus, na antiga batalha da luz contra a sombra e do bem contra o mal.
Livro: Seara dos Médiuns
Emmanuel / Chico Xavier.
Estudando O Livro dos Médiuns – Allan Kardec.
Questão - 244. Em face do perigo da obsessão, ocorre perguntar se não é inconveniente ser médium, se não é essa faculdade que a provoca, enfim, se não é isso uma prova da inconveniência das comunicações espíritas. Nossa resposta é fácil e pedimos que a meditem cuidadosamente.
Não tendo sido os médiuns nem os espíritas que criaram os Espíritos, mas sim os Espíritos que deram origem aos espíritas e aos médiuns, e sendo os Espíritos simplesmente as almas dos homens, é evidente que sempre exerceram sua influência benéfica ou perniciosa sobre a Humanidade. A faculdade mediúnica é para eles apenas um meio de se comunicarem, e na falta dessa faculdade eles se comunicam por mil outras maneiras mais ou menos ocultas. Seria errôneo, pois, acreditar que os Espíritos só exercem sua influência através das comunicações escritas ou verbais. Essa influência é permanente e os que não se preocupam com os Espíritos, ou nem mesmo crêem na sua existência, estão expostos a ela como os outros, e até mais do que os outros, por não disporem de meios de defesa. É pela mediunidade que o Espírito se dá a conhecer. Se ele for mau, sempre se trai, por mais hipócrita que seja. Pode-se dizer, portanto, que a mediunidade permite ao homem ver o seu inimigo face a face, se assim se pode dizer, e combatê-lo com suas próprias armas. Sem essa faculdade ele age na sombra, e contando com a invisibilidade pode fazer e faz realmente muito mal. (4)
A quantos atos não é o homem impelido, para sua desgraça, e que seriam evitados se ele tivesse um meio de se esclarecer. Os incrédulos não supõem dizer uma verdade quando afirmam de um homem que se obstina no erro. “É o seu mau gênio que o impele a perder-se”. É assim que o conhecimento do Espiritismo, longe de facilitar o domínio dos maus Espíritos, deve ter como resultado, num tempo mais ou menos próximo, quando se achar divulgado, destruir esse domínio, dando a cada um os meios de se manter vigilante contra as suas sugestões. E aquele que então sucumbir só poderá queixar-se de si mesmo.
Regra geral: quem quer que receba más comunicações espíritas, escritas ou verbais, está sob má influência; essa influência se exerce sobre ele, quer escreva ou não, isto é, seja ou não médium, creia ou não creia. A escrita oferece-lhe um meio de assegurar da natureza dos Espíritos em ação e de os combater, se forem maus, os que se consegue com maior êxito quando se chega a conhecer os motivos da sua atividade. Se a sua cegueira é bastante para não lhe permitir a compreensão, outros poderão lhe abrir os olhos.
Em resumo: o perigo não está no Espiritismo, desde que este pode, pelo contrário, servir-nos de controle e preservar-nos do risco incessante a que nos expomos sem saber. Ele está na orgulhosa propensão de certos médiuns a se considerarem muito levianamente instrumentos exclusivos dos Espíritos superiores, e na espécie de fascinação que não lhes permite compreender as tolices de que são intérpretes. Mas mesmo os que não são médiuns podem se deixar envolver.
Façamos uma comparação. Um homem tem um inimigo secreto que ele não conhece e que espalha contra ele, às ocultas, a calúnia e tudo o que a mais negra maldade possa engendrar. Vê a sua fortuna se perder, os amigos se afastarem, perturbar-se a sua tranqüilidade interior. Não podendo descobrir a mão que o fere, não pode se defender e acaba vencido. Mas um dia o inimigo secreto lhe escreve e se trai, apesar da sua astúcia. Eis descoberto o inimigo que ele agora pode fazer calar e com isso se reabilitar. Esse o papel dos maus Espíritos, que o Espiritismo nos dá a possibilidade de descobrir e anular.

(4) Perguntam algumas pessoas como Deus deixou a Humanidade tanto tempo sem recursos diante desse inimigo invisível. Mas a verdade é que a mediunidade sempre existiu e que as suas manifestações vêm de todos os tempos, como Kardec já explicou. Assim como sempre houve meios empíricos de combater os micróbios, mesmo quando não eram conhecidos, houve-os  também de controlar a influência dos Espíritos, desde os tempos primitivos. O Espiritismo veio oferecer os meios racionais e portanto científicos de que a Humanidade necessitava. (N. do T.)

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