terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Reencarnação e Progresso – Martins Peralva.

Nenhuma das ovelhas que o Pai me confiou se perderá.
O problema das aptidões intelectuais é bem significativo, no estudo da reencarnação, e sugere apreciações interessantes quando observado à luz das diversas doutrinas religiosas ou filosóficas.
As religiões que ensinam ter a criatura humana apenas uma existência, ou seja, as que preconizam a criação da alma no momento da formação do corpo, teriam, sem dúvida, bastante dificuldade em explicar, entre outras, a palpitante questão do conhecimento e da sabedoria, da erudição e do talento.
Dificilmente se pode compreender como uma pessoa, numa existência de apenas algumas dezenas de anos, pudesse revelar privilegiada inteligência e sabedoria, como frequentemente ocorre, sabendo­se que, sendo tão vastos os conhecimentos humanos, impossível seria a um homem acumular tanto em tão curto prazo.
“Uma encarnação é como um dia de trabalho” afirma, acertadamente, um Amigo Espiritual.
Daí a nossa dificuldade em compreendermos como poderia um homem realizar vastas e apreciáveis conquistas intelectuais, nos mais variados campos do saber, num período de seis, sete ou mesmo oito dezenas de anos.
E essa dificuldade aumentaria, mais, se catalogássemos os homens que, em idênticos períodos, nada ou quase nada aprenderam nos templos do saber.
Ficamos, assim, numa expectante e dolorosa alternativa: ou Deus, Supremo Criador de Todas as Coisas, e parcial e injusto, porque cria e põe no mundo sábios e ignorantes, quando a todos os seus filhos deveria dar, como o  fazem os mais imperfeitos pais terrenos, as mesmas possibilidades, ou  seremos inevitavelmente levados a aceitar a tese das religiões reencarnacionistas: cada existência representa um elo de imensa cadeia de sucessivas vidas, durante as quais o Espírito aprende e cresce, evolui e se enriquece de valores novos e consecutivos.
O Espiritismo é reencarnacionista; como tal, ensina a doutrina das existências múltiplas, das vidas que se renovam, como o faz a maioria das doutrinas antigas.
O conjunto dos ensinamentos espíritas gira em torno do seguinte enunciado filosófico: “Nascer, viver, morrer, renascer ainda, progredir continuamente — tal é a lei.”
O Espiritismo fixou nessa admirável sentença a sua estrutura doutrinária, fornecendo uma chave de luz para intrincados problemas que têm desafiado a argúcia, a cultura e o talento de inúmeros pensadores, em todas as épocas da Humanidade.
A reencarnação nos faz compreender a Deus por Suprema Inteligência e Suprema Justiça. Faz­nos compreendê­Lo por Infinita Perfeição e Infinita Misericórdia.
Deus nos é mostrado, através da reencarnação, Justo e Bom, criando  almas simples e ignorantes, a fim de que, pelo esforço próprio, ascendam todas aos pináculos evolutivos, no rumo  da perfeição com Jesus.
Aceitando a reencarnação, não temos dificuldade em compreender a promessa do Mestre: — “Nenhuma das ovelhas que o Pai me confiou se perderá.”
À luz da reencarnação, o que era nebuloso se tornou límpido.
A interpretação do Evangelho se tornou menos difícil. Mais compreensivo se tornou o pensamento de Jesus. O que era confuso e indecifrável, passou  a refletir, espontânea e naturalmente, a meridiana claridade do bom­senso e da lógica.
A explicação palingenésica leva­nos, afinal, a melhor compreendermos porque existem sábios e ignorantes no mundo, cruzando as mesmas ruas, sofrendo as mesmas dores, respirando o  mesmo oxigênio, sem que sejamos, dolorosa e tristemente, compelidos a aceitá­lo como um Pai que usa, com os seus filhos, dois pesos e duas medidas.
A cultura, o conhecimento, o progresso, enfim, decorrem desse maravilhoso  encadeamento de existências, durante as quais a Alma adquiriu e armazenou valiosos patrimônios intelectuais.
Sem a tese reencarnacionista, a explicação do progresso das Humanidades permanece incompleta, ou, pelo menos, incompreensível. O observador imparcial, o historiador sensato e o homem desprovido de preconceito hão de estar conosco, nessa afirmativa.
Livro: Estudando O Evangelho.
Martins Peralva.

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