sábado, 29 de novembro de 2014

Reencarnação e Espiritismo – Martins Peralva.

Necessário vos é nascer de novo
Não foram os espíritas que inventaram a Reencarnação —  palavra que grafamos com inicial maiúscula, em homenagem de nossa Alma agradecida à lei sábia e misericordiosa que projetou luz sobre o até então incompreendido problema do Ser, do Destino e da Dor.
O ensino reencarnacionista vem de muito longe, de povos antigos e remotíssimas doutrinas. Ao Espiritismo couberam, apenas, a honra e a glória de estudá­lo, sistematizando­o, para convertê­lo, afinal, num dos principais, senão no  principal fundamento de sua granítica estrutura doutrinária.
Grandes vultos do passado, no campo da Religião, da Filosofia e da Ciência, aceitaram e difundiram a Reencarnação.
Orígenes (nascido em 185  e falecido em 254), considerado por São Jerônimo como a maior autoridade da Igreja de Roma, afirma, no livro “Dos Princípios”, em abono da tese básica do  Espiritismo: “As causas das variedades de condições humanas são devidas às existências anteriores.
São, ainda, do eminente e consagrado teólogo as seguintes palavras: “A maneira por que cada um de nós põe os pés na Terra, quando aqui aportamos, é a consequência fatal de como agiu  anteriormente no Universo.”
Ainda de Orígines: “Elevando­se pouco a pouco, os Espíritos chegaram a este mundo e à ciência dele. Daí subirão a melhor mundo e chegarão a um estado tal que nada mais terão de ajuntar.”
Krishina, no Bhagavad­Guitá (o Evangelho da Índia), predica, com absoluta e inegável clareza: “Eu e vós tivemos vários nascimentos. Os meus, só são  conhecidos de mim; vós não  conheceis os vossos.”
Os Vedas, milhares de anos antes de Jesus Cristo, difundiam, largamente, a ideia reencarnacionista.
Buda aceitava e pregava a Reencarnação.
Os sacerdotes egípcios ensinavam que “as almas inferiores e más ficam presas à Terra por  múltiplos renascimentos, e que as almas virtuosas sobem, voando para as esferas superiores, onde recobram a vista das coisas divinas”.
Na Grécia, berço admirável de legítimos condores do  Pensamento e da Cultura, encontramos Sócrates, Platão e Pitágoras como fervorosos paladinos das vidas sucessivas.
Sócrates ensinava que “as almas, depois de haverem estado no Hades o tempo necessário, são reconduzidas a esta vida em múltiplos e longos períodos”.
O ensino pitagórico era, como é notório, essencialmente reencarnacionista, dele advindo, por falsa interpretação de mentes pouco evoluídas, a errônea teoria da metempsicose.
Entre os romanos, Virgílio e Ovídio disseminavam os princípios reencarnacionistas.
Ovídio chegava a dizer: “quando minha alma for pura, irá habitar os astros que povoam o  firmamento”, admitindo, assim, semelhantemente aos espíritas, a sucessividade das vidas em outros planetas.
São Jerônimo afirmava, por  sua vez, “que a transmigração das almas fazia parte dos ensinos revelados a um certo número de iniciados”.
Deixemos, contudo, esses consagrados vultos, cuja opinião, embora respeitável e acatada, empalidece ante a opinião da figura máxima da Humanidade — Nosso Senhor Jesus Cristo.
O Sublime Embaixador pregou a Reencarnação. Algumas vezes, de forma velada; outras, com objetividade e clareza.
Falando a respeito de Elias, o profeta falecido alguns séculos antes, diz o  Mestre: —  “Elias já veio  e não o  conhecestes”, compreendendo então os discípulos que se referia a João  Batista (Elias reencarnado).
No famoso diálogo com Nicodemos, afirma que ninguém alcançará o Reino de Deus “se não nascer de novo. Nascer da água e do Espírito — o que completa a intenção, o pensamento  reencarnacionista de Jesus.
Em outra oportunidade, externando por meio de simples alegoria sobre a Lei de Causa e Efeito — ou Carma —, sentencia: — “Ninguém sairá da Terra sem que pague até o último ceitil”, isto é: até a completa remissão das faltas.
Como se vê, o Espiritismo não criou, não inventou a Reencarnação.
Aceitando­a como herança de eminentes filósofos e de respeitáveis doutrinas, de Jesus e de Seus discípulos, e confirmada, a seu tempo, pelos Espíritos do Senhor, o Espiritismo promoveu  o seu estudo, a sua difusão, a sua exegese.
Ela é, contudo, antiquíssima, conhecida e professada antes do Cristo, na época do Cristo e em nossos dias.
Há mais de um século o Espiritismo apresenta­a por único meio de crermos num Pai Justo  e Bom, que dá a cada um “segundo as suas obras” e como elemento explicativo da promessa de Jesus, de que “nenhuma de suas ovelhas se perderia”.
A Reencarnação é a chave, a fórmula filosófica que explica, sem fugir ao bom­senso nem à lógica, as conhecidas desigualdades humanas — sociais, econômicas, raciais, físicas, morais e intelectuais.
Sem o esclarecimento palingenésico, tais diversidades deixariam um doloroso “ponto de interrogação” em nossa consciência, no que diz respeito à Justiça Divina.
Sem as suas claridades, seria a Justiça de Deus bem inferior à dos homens.
Teríamos um Deus parcial, injusto, caprichoso, cruel, impiedoso mesmo.
Um Deus que beneficiaria a uns e infelicitaria à maioria. Com a Reencarnação, temos Justiça Incorruptível, equânime, refletindo a ilimitada Bondade do Criador.
Um Deus que perdoa sem tirar ao culpado a glória da remissão de seus próprios erros.
Um Deus que perdoa, concedendo ao culpado tantas oportunidades quantas ele necessite para reparar os males que praticou.
Com a Palingenesia, temos um Deus que se apresenta, no Altar de nossa consciência e no  Templo do nosso coração, como Pai Misericordioso e Justo, um Pai carinhoso e Magnânimo, que oferece a todos os Seus filhos os mesmos ensejos de redenção, através das vidas sucessivas —  neste e noutros mundos, mundos que são as “outras moradas” a que se refere Jesus no Evangelho.
Tantas vidas quantas forem necessárias, porque o essencial e o justo é que “nenhuma das ovelhas se perca”.
Livro: Estudando o Evangelho.
Martins Peralva.

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