domingo, 2 de novembro de 2014

Perturbação Após a Morte e o Conhecimento - Miramez

0165/LE
Certamente que a Doutrina Espírita exerce muita influência para diminuir o tempo mais ou menos longo da perturbação espiritual após a morte, no entanto, é preciso que o estudante do espiritismo coloque em prática os ensinamentos colhidos no Consolador prometido.
A perturbação que ocorre no transe da desencarnação, pela passagem de uma vida para outra, sem que esperemos essa mudança brusca, nos causa um impacto e, por vezes, perdemos a razão, cuja recuperação demora mais ou menos, de conformidade com a nossa evolução. Quando estamos dotados de uma pureza de consciência, essa não impede a nossa lucidez. Vale muito o conhecimento das leis naturais, principalmente quando vivemos essas leis, do modo que foi ensinado por Jesus no Seu Evangelho.
Depois da divulgação da Doutrina Espírita na Terra, os espíritas e os Espíritos encontraram maior facilidade de se libertarem da inconsciência depois da morte. Os que já se encontravam fora do corpo, vagando por aí, sem o verdadeiro conhecimento da verdade, foram esclarecidos, e muitos deles hoje trabalham nas fileiras dessa filosofia maravilhosa e santa, capaz de devolver a vida às criaturas mortas por ignorância. O Espiritismo, na sua
profundidade, é o mesmo Cristianismo, e mostra, a todos, os caminhos do amor, que na Terra se transforma em caridade e passa a despertar os homens para a vida em Cristo.
O homem bom, paciente nas suas funções, alegre nos seus gestos, honesto na sua vida e que ama a verdade, ao abeirar-se do túmulo, cruza seu portal com tranqüilidade, por saber que os que já se foram com os mesmos ideais o estão esperando, como o bom combatente que venceu a si mesmo.
São duas forças imprescindíveis na vida da criatura: conhecer e praticar. Conhecer o valor do perdão, mas perdoar; conhecer as belezas da gratidão e ser grato aos benefícios recebidos; conhecer os frutos do trabalho com justiça e ser justo em todos os aspectos; conhecer os valores da fraternidade e ser fraterno; sentir e entender que o amor é a vida, mas amar sem distinção. Essas diretrizes nos levam à verdadeira libertação e, se praticarmos todos esses preceitos de Jesus, não passaremos pela morte, porque estaremos sempre na vida, e essa vida pulsa na vida de Deus.
É muito bom e nobre que conheças a Doutrina Espírita; no entanto, certifica se a estás entendendo como ela é, com profundas ligações com Nosso Senhor Jesus Cristo. Se os teus sentidos encontraram o Cristo nela, vá em frente, seguro de que nunca errarás o caminho para Deus por esse prêmio; não obstante, se ela te faltar durante a vida, busca entender o que a dor quer te transmitir ou, então, que ela quer te ajudar a permanecer consciente em todos os transes, principalmente na passagem do mundo físico para o espiritual. Juntemos nossas forças para conhecer e para viver o que aprendemos de bom, mediante os nossos esforços no dia a dia.
Livro: Filosofia Espírita – Volume IV.
            Miramez / Joao Nunes Maia.
Estudando O Livro dos Espíritos – Allan Kardec.
165. O conhecimento do Espiritismo exerce alguma influência sobre a duração, mais ou menos longa, da perturbação?
Influência muito grande, por isso que o Espírito já antecipadamente compreendia a sua situação. Mas, a prática do bem e a consciência pura são o que maior influência exercem.
A.K.: Por ocasião da morte, tudo, a princípio, é confuso. De algum tempo precisa a alma para entrar no conhecimento de si mesma. Ela se acha como que aturdida, no estado de uma pessoa que despertou de profundo sono e procura orientar-se sobre a sua situação. A lucidez das idéias e a memória do passado lhe voltam, à medida que se apaga a influência da matéria que ela acaba de abandonar, e à medida que se dissipa a espécie de névoa que lhe obscurece os pensamentos.
Muito variável é o tempo que dura a perturbação que se segue à morte. Pode ser de algumas horas, como também de muitos meses e até de muitos anos. Aqueles que, desde quando ainda viviam na Terra, se identificaram com o estado futuro que os aguardava, são os em quem menos longa ela é, porque esses compreendem imediatamente a posição em que se encontram.
Aquela perturbação apresenta circunstâncias especiais, de acordo com os caracteres dos indivíduos e, principalmente, com o gênero de morte. Nos casos de morte violenta, por suicídio, suplício, acidente, apoplexia, ferimentos, etc., o Espírito fica surpreendido, espantado e não acredita estar morto. Obstinadamente sustenta que não o está. No entanto, vê o seu próprio corpo, reconhece que esse corpo é seu, mas não compreende que se ache separado dele. Acerca-se das pessoas a quem estima, fala-lhes e não percebe por que elas não o ouvem. Semelhante ilusão se prolonga até ao completo desprendimento do perispírito. Só então o Espírito se reconhece como tal e compreende que não pertence mais ao número dos vivos. Este fenômeno se explica facilmente. Surpreendido de improviso pela morte, o Espírito fica atordoado com a brusca mudança que nele se operou; considera ainda a morte como sinônimo de destruição, de aniquilamento. Ora, porque pensa, vê, ouve, tem a sensação de não estar morto. Mais lhe aumenta a ilusão o fato de se ver com um corpo semelhante, na forma, ao precedente, mas cuja natureza etérea ainda não teve tempo de estudar. Julga-o sólido e compacto como o primeiro e, quando se lhe chama a atenção para esse ponto, admira-se de não poder palpá-lo. Esse fenômeno é análogo ao que ocorre com alguns sonâmbulos inexperientes, que não crêem dormir. É que têm sono por sinônimo de suspensão das faculdades. Ora, como pensam livremente e vêem, julgam naturalmente que não dormem. Certos Espíritos revelam essa particularidade, se bem que a morte não lhes tenha sobrevindo inopinadamente. Todavia, sempre mais generalizada se apresenta entre os que, embora doentes, não pensavam em morrer. Observa-se então o singular espetáculo de um Espírito assistir ao seu próprio enterramento como se fora o de um estranho, falando desse ato como de coisa que lhe não diz respeito, até ao momento em que compreende a verdade.
A perturbação que se segue à morte nada tem de penosa para o homem de bem, que se conserva calmo, semelhante em tudo a quem acompanha as fases de um tranqüilo despertar. Para aquele cuja consciência ainda não está pura, a perturbação é cheia de ansiedade e de angústias, que aumentam à proporção que ele da sua situação se compenetra.
Nos casos de morte coletiva, tem sido observado que todos os que perecem ao mesmo tempo nem sempre tornam a ver-se logo. Presas da perturbação que se segue à morte, cada um vai para seu lado, ou só se preocupa com os que lhe interessam.

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