sábado, 22 de novembro de 2014

LEMBRANÇAS DE SONHOS - Miramez

0403/LE
A alma, no seu estado mais livre, durante o sono, nem sempre pode trazer tudo o que vê e ouve para a matéria. Quando o Espírito volta ao corpo, ocorre uma espécie de filtragem na lembrança do que ocorreu no mundo espiritual. Esses acontecimentos não são apagados da memória, visto que, pela lei, nada se perde. Entretanto, eles ficam gravados no fundo da consciência, vindo à tona quando necessário, manifestando-se como lições ou testes para o Espírito.
Se nos lembrássemos de todo o ocorrido no mundo dos sonhos, a mente não iria suportar essa carga além das suas forças e perturbaria a vida na matéria. A natureza sabe moderar os acontecimentos: se sonhamos com boas companhias em planos elevados, e se isso pudesse repetir sempre, certamente que o corpo físico iria definhando até falecer, porque o instinto de todos nós é buscar o melhor. Se somente sonhássemos com as trevas, ficaríamos muito apegados às coisas materiais, no entanto, isso é o que acontece mais freqüentemente. É preciso contrabalançar, para que possamos entrar no equilíbrio espiritual.
O corpo tem grandes necessidades de repouso e o Espírito saí em busca de novas forças, que tem com abundância no mundo espiritual. Assim como acontece com os humanos, que saem para trabalhar fora, em busca de recursos para a família, o Espírito sai pelas portas do sono para granjear energias superiores, no comando da sua mente, trazendo-as para o corpo, de modo que ele se abastece e fortalece para as lutas diárias.
No futuro, quando a matéria “esquecer” a sua densidade, o Espírito, sendo mais elevado, poderá trazer quase toda a impressão do mundo espiritual para a vida física, sem perda das suas atividades. Como dissemos, não nos lembramos mais dos sonhos para que esses não atrapalhem a vida na Terra; fica apenas alguma coisa de necessário, alguma interrogação sobre a vida do Espírito. A verdade não precisa de muito discurso sobre ela; basta um pingo do alfabeto para que se compreenda os objetivos da sua missão de despertamento do Espírito.
Não fiquemos concentrados buscando nos lembrar dos sonhos, não gastemos energias para o que deve ficar escondido; quando menos esperarmos, ele aparecerá sem que se gaste tempo em procurá-lo nos escaninhos da alma. Sejamos moderados em nossas buscas; primeiramente, busquemos entender os preceitos de uma vida reta, para que a conduta não seja torta, desentulhando as coisas más, guardadas na consciência; façamos, se possível, uma limpeza, retirando o lixo das coisas imprestáveis e queimando no fogo do amor, para que possamos nos sentir livres, para o vôo divino, na sublime área reservada para a felicidade.
Imaginemos se fôssemos nos lembrar de todos os sonhos que se passaram em nossa mente durante seis ou mesmo oito horas de descanso do corpo! E as oito horas que devemos trabalhar, como ficariam? A natureza é comedida em tudo o que existe; ela não se esquece de filtrar as recordações, deixando somente o que precisamos para a alegria ou para as lições.
Para vivenciarmos sonhos melhores, preparemos nossas mentes, limpemos nossos pensamentos indesejados, vibrando somente no amor e na caridade. Não nos esqueçamos a leitura sadia ao deitar, que isso ajuda muito na saída para o mundo espiritual.
Livro: Filosofia Espírita – Volume VIII
Miramez / João Nunes Maia.
Estudando O Livro dos Espíritos – Allan Kardec.
403. Por que não nos lembramos sempre dos sonhos?
Em o que chamas sono, só há o repouso do corpo, visto que o Espírito está constantemente em atividade. Recobra, durante o sono, um pouco da sua liberdade e se corresponde com os que lhe são caros, quer neste mundo, quer em outros. Mas, como é pesada e grosseira a matéria que compõe, o corpo dificilmente conserva as impressões que o Espírito recebeu, porque a este não chegaram por intermédio dos órgãos corporais.

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