sábado, 9 de agosto de 2014

Males do corpo, medicina da alma II – Rodolfo Calligaris

As enfermidades, além de corrigirem os desacertos e os vícios de que os terrícolas, em geral, ainda se ressentem, constituem, também, a única terapêutica eficaz para sanar-lhes defeitos e imperfeições outras, mais graves de que resultam danos e sofrimentos a outrem.
O intelectual, por exemplo, que coloca sua inteligência a serviço da corrupção, da mentira e de outras formas do mal, será presa da demência ou da idiotia para que, de futuro, aprenda a fazer bom uso de tão nobre faculdade.
O orgulhoso e o déspota, não há como abatê-los e domá-los, senão por meio de enfermidades asquerosas que os segreguem do convívio social. Conhecendo-as, suas altanarias cederão lugar à humildade, virtude esta indispensável ao aprendizado da ciência do bem.
O egoísta, o insensível, aqueles que nunca estão dispostos a auxiliar o próximo, para que evoluam até o pólo oposto – o altruísmo, terão que ser provados pela desgraça ou pela falta de saúde em uma série de existências, nas quais, privados de recursos, verão quanto é penoso depender de que e outros os atendam e sirvam em suas necessidades.
O Avarento e o usurário, que amealhar mais uma moeda, impõem, aos que deles dependem, sacrifícios e privações inomináveis, que chegam, às vezes, às raias do depauperamento, como padecerão a movimentar os bens em proveito da coletividade sem que se sofram, a seu turno os horrores de semelhante tratos?
O voluntarioso, o pouco resignado, como hão de adquirir paciência, conformidade e submissão à vontade divina sem que sejam trabalhados pelas doenças, principalmente aquelas que lhes tolhem a capacidade de locomoção.
Não se creia que estamos a forjar tal filosofia. É o evangelho que assim no-lo ensina. Além daquela afirmação do Cristo, a que já nos referimos, vejamos o que Paulo, apóstolo, nos diz a respeito.
Em sua II epístola aos Coríntios, 12:9, declara ele textualmente: “A virtude se aperfeiçoa pela enfermidade”, e em Hebreus, 12:5-11, assim se expressa:
“Filho meu, não desprezes a correção do Senhor, nem te desanimes quando por ele és repreendido (provado no sofrimento), porque o Senhor castiga ao que ama e açoita a todo o que recebe por filho. Perseverai firmes na correção. Deus se vos oferece como a filhos; porque, qual é o filho a quem não corrige seu pai? Além disso, se, na verdade, tivemos a nossos pais carnais, que nos corrigiam e os olhávamos com respeito, como não obedeceremos muito mais ao Pai do Espíritos, e viveremos? E aqueles, na verdade, em tempo de poucos dias nos corrigiam segundo a sua vontade, mas este castiga-nos, atendendo ao que nos é proveitoso para receber a sua santificação. Ora toda correção ao presente, na verdade, não parece ser de gozo senão de tristeza, mas ao depois dará um fruto mui saboroso de justiça os que por ela têm sido exercitados.”
Não maldigamos, pois, as enfermidades; elas desempenham missão purificadora e redentora para as nossas almas. Tratemos, antes, de suportá-las cristãmente, sem protestos e sem revoltas contra Deus, porque, a não ser assim, longe estaremos de alcançar a saúde completa a que todos aspiramos.
Finalizando este estudo, cumpre ressalvar que nem smepre uma existência prenhe de amarguras e padecimentos significa expiação de faltas anteriores. Às vezes, são provas buscadas pelo Espírito, a fim de concluir sua depuração e ativar o seu progresso. Pode ocorrer também que algum ser, de grande elevação, se haja determinado vir a Terra em missão, e não em cumprimento de penas, suportando com exemplar resignação os maiores reveses da vida, qual Job, para ensinar a nós outros, míseros calcetas, de que maneira se deve sofrer para tirar do sofrimento o abençoado fruto da evolução espiritual.
Livro: Página do Espiritismo Cristão.
Rodolfo Calligaris.

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