domingo, 15 de setembro de 2013

SABEDORIA 2 - Hammed

O saber implica a facilidade de elaborar idéias simples para explicar coisas aparentemente complexas, utilizando-se os recursos fecundos inspirativos do universo interior.
Há séculos, os grandes pensadores e filósofos vêm-nos ensinando que o autoconhecimento é a base primordial para alcançarmos a verdadeira sabedoria. Mas, para saber realmente quem somos, precisamos mergulhar nas profundezas do ser e buscar a sabedoria existente em nosso mundo íntimo.
Se fomos criados por Deus e se Ele colocou em nós a sua marca - a idéia de Deus é inata no homem (O Livro dos Espíritos – Allan Kardec, questão 6), ao nascermos, já trazemos como herança a marca divina. A
onipresença do Criador abrange todo o Universo, manifestando-se em todas as suas criaturas e criações. Portanto, o passo fundamental para entrarmos em contato com o verdadeiro saber é tomarmos consciência de que Deus está em nós, somos deuses em potencial, conforme a expressão evangélica.
Ser sábio não se fundamenta apenas no grau de informação ou de conhecimento que temos sobre a vida terrena. Nem sempre indivíduos requintados e instruídos são portadores de senso intimo bem desenvolvido ou de alto nível de discernimento. Não devemos confundir cultura ou instrução com sabedoria.
Muitas pessoas cultas não são sábias, apesar de ostentarem um ar de superioridade intelectual. Não distinguir instrução de sabedoria é como não diferenciar diamantes de contas de vidro. A Espiritualidade Superior nos estimula a manter contato profundo e significativo com nossa força interna, a fim de que possamos nos familiarizar com a "voz da consciência".
O saber implica a facilidade de elaborar idéias simples par explicar coisas aparentemente complexas, utilizando-se os recursos fecundos e inspirativos do universo interior.
O conhecimento do sábio provém do mundo silencioso. É no silêncio que a introspecção enlaça o santuário da sabedoria. Quem mais conhece menos alarde faz; quem pouco conhece faz muito estardalhaço.
Precisamos adquirir o hábito de dedicar algum tempo ao silêncio da meditação, uma vez que o "olho interior" nos proporciona inúmeras formas de percepção (nós próprios, o mundo, a Natureza e Deus); enfim, ver o fundo e não apenas a superfície das coisas.
A sabedoria está igualmente ligada à forma como notamos a sutileza do mecanismo cíclico que move o Universo. Nele, tudo obedece a um ritmo natural; a raiz de nossa evolução corporal/espiritual está fincada nas íntimas relações com a Natureza. Se nos observarmos mais atentamente, veremos que somos parte dela.
O fluxo da Vida faz com que tudo se realize num reciclar constante e periódico. Nos pequenos seres, ela repete, em menor escala, o magnífico e imensurável movimento cósmico.
Na Terra, como em toda a criação, tudo é submetido a movimentos alternados, desde as marés, as fases da lua, as interações entre os organismos dos ecossistemas, a diversidade dos fenômenos meteorológicos, os biorritmos humanos e outras tantas coisas.
Quando admitimos o conjunto das forças que movem e animam a evolução da vida, começamos a perceber o dinâmico e sábio processo da ritmicidade que existe dentro e fora de nós. O desenvolvimento evolutivo nos mostra que tudo se encadeia harmonicamente.
Na questão 540 de O Livro dos Espíritos, obra básica do Espiritismo, encontramos a seguinte exposição: "(...) E assim que tudo serve, tudo se coordena na Natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo que, ele mesmo, começou pelo átomo. Admirável lei de harmonia da qual vosso espírito limitado não pode ainda entender o conjunto."
A ação do homem desprovido de sabedoria tende normalmente a modificar, de acordo com seus caprichos ou pontos de vista pessoais, a Natureza que o cerca. Desse modo, as atitudes dele resultam num desgaste inútil de suas forças físicas e intelectuais e numa agitação desnecessária sem qualquer possibilidade de atingir a meta pretendida. Ao contrário do homem sábio, que não se opõe à ação da Natureza, mas entra em sintonia com ela, realizando e atuando em seu favor.
A criatura humana intelectualizada desenvolve-se no sentido horizontal, enquanto a verdadeiramente sábia transcende no sentido vertical.
O sábio é aquele que desenvolveu a capacidade sapiencial de comparar, avaliar e ponderar as ideias com a precisão dos cientistas, com a generosidade dos benfeitores, com a sensibilidade dos poetas, com o bom senso dos filósofos, com a naturalidade das crianças e com o desprendimento dos que amam sem condições.
Livro: Os Prazeres da Alma.
Espírito: Hammed
Médium: Francisco do Espirito Santo Neto.
Estudando O Livro dos Espíritos – Allan Kardec
6. O sentimento íntimo que temos da existência de Deus não poderia ser fruto da educação, resultado de idéias adquiridas?
Se assim fosse, por que existiria nos vossos selvagens esse sentimento?
Se o sentimento da existência de um ser supremo fosse tão-somente produto de um ensino, não seria universal e não existiria senão nos que houvessem podido receber esse ensino, conforme se dá com as noções científicas.
540. Os Espíritos que exercem ação nos fenômenos da Natureza operam com conhecimento de causa, usando do livre-arbítrio, ou por efeito de instintivo ou irrefletido impulso?
Uns sim, outros não. Estabeleçamos uma comparação. Considera essas miríades de animais que, pouco a pouco, fazem emergir do mar ilhas e arquipélagos. Julgas que não há aí um fim providencial e que essa transformação da superfície do globo não seja necessária à harmonia geral? Entretanto, são animais de ínfima ordem que executam essas obras, provendo às suas necessidades e sem suspeitarem de que são instrumentos de Deus. Pois bem, do mesmo modo, os Espíritos mais atrasados oferecem utilidade ao conjunto. Enquanto se ensaiam para a vida, antes que tenham plena consciência de seus atos e estejam no gozo pleno do livre-arbítrio, atuam em certos fenômenos, de que inconscientemente se constituem os agentes. Primeiramente, executam. Mais tarde, quando suas inteligências já houverem alcançado um certo desenvolvimento, ordenarão e dirigirão as coisas do mundo material. Depois, poderão dirigir as do mundo moral. É assim que tudo serve, que tudo se encadeia na Natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo, que também começou por ser átomo. Admirável lei de harmonia, que o vosso acanhado espírito ainda não pode apreender em seu conjunto!

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