terça-feira, 6 de agosto de 2013

PAIS E FILHOS

A ingratidão é um dos frutos mais diretos do egoísmo. 
Revolta sempre os corações honestos. Mas, a dos filhos para com os pais apresenta caráter ainda mais odioso. (O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – Allan Kardec, Cap. XIV, Item 9).
Trazida a reencarnação para os alicerces dos fenômenos sócio­domésticos, não é somente a relação de pais para filhos que assume caráter de importância, mas igualmente a que se verifica dos filhos para com os pais. Os filhos não pertencem aos pais; entretanto, de igual modo, os pais não pertencem aos filhos. Os genitores devem especial consideração aos que agridem os filhos e tentam escravizá­los, qual se lhes fossem objeto de propriedade exclusiva; todavia, encontramos, na mesma ordem de frequência, filhos que agridem os pais e buscam escravizá­los, como se os progenitores lhes constituíssem alimárias domésticas. A reencarnação traça rumos nítidos ao mútuo respeito que nos compete de uns para com os outros. Entre pais e filhos, há naturalmente uma fronteira de apreço recíproco, que não se pode ultrapassar, em nome do amor, sem que o egoísmo  apareça, conturbando­lhes a existência. Justo que os pais não interfiram no futuro dos filhos, tanto quanto justo  que os filhos não interfiram no passado dos pais. Os pais não conseguem penetrar, de imediato, a trama do destino que os princípios cármicos lhes reservam aos filhos, no porvir, e os filhos estão inabilitados a compreender, de pronto, o  enredo das circunstâncias em que se mergulharam seus pais, no pretérito, a fim de que pudessem volver, do Plano Espiritual ao renascimento no Plano Físico. Unicamente no  mundo das causas, após a desencarnação, ser­lhes­á possível o entendimento  claro, acerca dos vínculos em que se imanizam. Invoque­se, à vista disso, o auxílio  de religiosos, professores, filósofos e psicólogos, a fim de que a excessiva agressividade filial não atinja as raias da perversidade ou da delinquência para com os pais e nem a excessiva autoridade dos pais venha a violentar os filhos, em nome de extemporânea ou  cruel desvinculação. Pais e filhos são, originariamente, consciências livres, livres filhos de Deus empenhados no mundo à obra de autoburilamento, resgate de débitos, reajuste, evolução. As leis da vida englobam­ lhes a individualidade no mesmo alto gabarito de consideração. Nunca é lícito o  desprezo dos pais para com os filhos e vice­versa. Não  configuramos no assunto  qualquer aspecto lírico na temática afetiva. Apresentamos, sumariamente, princípios básicos do Universo. A existência terrestre é muito importante no progresso e no  aperfeiçoamento do Espírito; no entanto, ao mesmo tempo, é simples estágio da criatura eterna no educandário da experiência física, à maneira de estudante no internato.
Os pais lembram alunos, em condições mais avançadas de tempo, no  currículo de lições, ao passo que os filhos recordam aprendizes iniciantes, quando  surgem na arena de serviço terrestre, com acesso na escola, sob o patrocínio dos companheiros que os antecederam, por ordem de matrícula e aceitação. E que os filhos jamais acusem os pais pelo curso complexo ou  difícil em que se vejam no  colégio da existência humana, porquanto, na maioria das ocasiões, foram eles mesmos, os filhos, que, na condição de Espíritos desencarnados, insistiram com os pais, através de afetuoso constrangimento ou suave processo obsessivo, para que os trouxessem, de novo, à oficina de valores físicos, de cujos instrumentos se mostravam carecedores, a fim de seguirem rumo correto, no  encalço da própria emancipação.
Livro: Vida e Sexo.
Emmanuel / Chico Xavier.

Nenhum comentário:

Postar um comentário