domingo, 7 de abril de 2013

Parábola do Festim das Bodas

"O Reino dos Céus se assemelha a um rei que, querendo festejar as bodas de seu filho, despachou seus servos a chamar para as bodas os que tinham sido convidados, mas estes não quiseram vir "(Jesus /Mt 22:2-3).
Desejando festejar as bodas de seu filho, o rei ordenou que seus servos fossem chamar os convidados para participarem do banquete real. Mesmo diante deste convite fraterno, os convidados não quiseram ir, alegando várias razões de ordem material. Outros, além de se recusarem a comparecer, agarraram os servos, ultrajando-os e matando-os. O rei, enchendo-se de cólera, ordenou que seus exércitos exterminassem os assassinos, queimando-lhes a cidade. A seguir, dirigiu-se a outros servos, ordenando que eles fossem às encruzilhadas, chamando para as bodas todos aqueles que encontrassem — bons e maus, ricos e pobres, sãos e aleijados, e finalmente o salão real ficou repleto.
Entrou em seguida o rei para ver os que estavam à mesa, e dando com um homem que não vestia a túnica nupcial, disse-lhe: "Meu amigo, como entraste aqui, sem a túnica nupcial?". O homem calou-se, e então disse o rei aos serventes: "Atai-lhe as mãos e os pés e lançai-o nas trevas exteriores, onde há choro e ranger de dentes, porquanto muitos serão os chamados e poucos os escolhidos Jesus / Mt 22:1-14.
À primeira vista, tem-se a impressão de ser esta parábola um tanto singela, pois narra um estranho banquete para o qual o anfitrião precisou enviar seus servos a chamar os convidados e estes, além de se recusarem a ir, atentaram contra a vida dos emissários. No entanto, esta parábola é bastante incisiva, pois nela Jesus compara o Reino dos Céus, onde tudo é ventura e alegria, a um grande festim.
Deus, em Sua infinita misericórdia, deliberou verificar o grau de fé e aprimoramento dos hebreus, pois sendo a única comunidade monoteísta da época, deveriam ter atingido maturidade espiritual suficiente para assimilar a nova revelação que Jesus viera trazer.
O primeiro convite foi formulado quando da Primeira Revelação ocorrida através de Moisés, ao receber no monte Sinai o Decálogo, cujo objetivo era concitar o povo a refrear seus instintos e se precaver dos prazeres mundanos. O povo hebreu foi assim convidado a uma reflexão de ordem espiritual, ressaltando-se a transitoriedade dos valores terrenos.
Mas, isto significava o abandono de inúmeras vantagens e prazeres de ordem material e, portanto, o chamado não foi atendido. Os emissários do rei foram os profetas e missionários encarregados de despertar as criaturas para a prática do bem, tornando-as dóceis aos desígnios de Deus; contudo, suas admoestações não foram ouvidas. Muitos foram massacrados, tal como ocorreu com os servos da parábola. Foi por isso que Jesus, pouco mais tarde, lamentando a sorte de Jerusalém, vaticinou: "Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes eu quis ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintainhos debaixo de suas asas, e tu não quiseste!" (Jesus / Mt 23:37).
Em face da relutância em aceitar o chamado para o festim, novamente o convite foi feito, de forma mais abrangente, generalizando-se a todos os povos, inclusive aos pagãos e aos idólatras; estes, acolhendo o convite, demonstraram disposição de participar das bodas, tal é o caso de Paulo de Tarso, Barnabé, Lucas, Timóteo e tantos outros, que foram os fiéis portadores da boa-nova.
E o banquete espiritual de Jesus encheu-se de trabalhadores de todos os matizes; mas, no meio deles estavam também os interesseiros e falsos profetas os quais, apesar de se beneficiarem do banquete evangélico, insurgiram-se contra as leis de Deus ao deturparem os ensinamentos de Jesus: erigiram suntuosas casas de oração, criaram tribunais religiosos, formularam orações intermináveis, estabeleceram, em nome de Deus, dogmas incoerentes, como os do pecado original, céu e inferno, penas eternas, e tantos outros, que não condizem com a bondade divina.
A parábola do festim das bodas preconiza uma grande verdade: não basta ser seguidor de uma determinada crença religiosa, para fazer jus ao Reino dos Céus e participar do seu banquete celestial; não basta ser convidado, não basta dizer-se cristão; é necessário estar revestido da túnica nupcial, ou seja, ter pureza no coração e cumprir os preceitos das leis de Deus. Não basta ser seguidor de determinada crença, se não se exercita a caridade, o amor, o perdão, virtudes que capacitam todas as criaturas a conquistarem o Reino dos Céus e partilharem da verdadeira felicidade.
Livro: Curso Básico de Espiritismo – 2º ano.
Fonte: O Evangelho Segundo o Espiritismo – Allan Kardec, Cap. XVIII, itens 6 a 9.

Nenhum comentário:

Postar um comentário