domingo, 17 de março de 2013

Pequenos esforços - Antônio Moris Cury

Estudando O Livro dos Espíritos – Allan Kardec
Questão 909 -  Poderia sempre o homem, pelos seus esforços, vencer as suas más inclinações?
Resposta: Sim, e, freqüentemente, fazendo esforços muito insignificantes. O que lhe falta é a vontade. Ah! quão poucos dentre vós fazem esforços!"
Como é verdadeiro o texto aqui reproduzido!
Com efeito, salvo raras e honrosas exceções, falta-nos a vontade. A vontade que aqui pode ser entendida como a disposição, combinada com a disciplina, com a firme determinação.
Os esforços serão pequenos, insignificantes mesmo.
Por exemplo, se ainda temos a tendência de falar mal dos outros, tratemos de eliminar a maledicência de nossas vidas, conscientizando-nos de que este comportamento, além de reprochável, em nada auxilia; procuremos enxergar e enfatizar o lado positivo, as qualidades dos outros, com o que, com esse pequeno esforço de impor silêncio sobre esta nossa má inclinação, estaremos, pela continuada repetição, criando novo e salutar hábito, em nosso próprio favor e também em favor dos outros, alterando, para melhor, a nossa educação. Afinal, como bem o definiu Allan Kardec, o ínclito Codificador da Doutrina Espírita, "A educação é o conjunto dos hábitos adquiridos" (encontrável na nota lançada depois da resposta à pergunta 685 de "O Livro dos Espíritos").
Exige pequeno esforço, por igual, a introdução do uso da gentileza e da cortesia em nosso dia-a-dia.
E o esforço, no caso, ficará adstrito praticamente ao controle pessoal, para que nos coloquemos, nas mais diversas situações e circunstâncias, sempre depois dos outros, porque, em verdade, ser gentil e cortês não custa nada.
Não custa nada e, no entanto, produz excelentes resultados, haja em vista que não há criatura que não aprecie a gentileza e a cortesia.
De outra parte, não será grande o esforço exigido para a aplicação da tolerância em nosso cotidiano, particularmente no que se refira à tolerância sobre as imperfeições alheias, sobretudo se bem usarmos o raciocínio.
Como sabemos, a Terra é um planeta de provas e de expiações e, portanto, de categoria inferior no Universo, superando apenas os chamados mundos primitivos.
Assim, os seus habitantes ainda são imperfeitos e nela também ainda prevalece o mal, razão pela qual quem procurar a perfeição na Terra, no estágio em que ela se encontra atualmente, estará procurando o impossível...
É claro que a todos nós compete, não obstante, a busca diária do aperfeiçoamento, do crescimento, do progresso intelectual e moral, uma vez que o nosso planeta é uma verdadeira escola, onde todos nos encontramos matriculados para aprender, muito aprender.
Logo, se todos somos imperfeitos, cabe-nos tolerar os defeitos alheios para que, no mínimo, os outros tolerem os nossos defeitos, que, aliás, não são poucos...
Por outro lado, a razão também indica que o esforço não será grande para que passemos a ter bom humor, com a eliminação das queixas, das reclamações, em nossa vida.
Ora, o mau humor e as queixas não resolvem qualquer problema, nenhuma dificuldade, até porque, se resolvessem, o seu uso seria altamente indicado, insistentemente recomendado.
Ademais, as queixas, as reclamações, não conquistam nem mesmo a simpatia de quem nos está ouvindo, como muito bem o adverte a aguda observação de André Luiz, Espírito, no pequeno-grande livro intitulado "Agenda Cristã".
O mesmo pode ser dito do mau humor. Se ele resolvesse, deveria ser usado e até mesmo dele se deveria abusar, como nova panacéia dos tempos modernos.
Entretanto, o mau humor afasta as pessoas do nosso convívio, e o convívio, especialmente o bem-conviver, é uma arte.
A rigor, a rigor, o Espírita não deveria ser mal-humorado, quando menos porque sabe de onde veio, o que aqui está fazendo e para onde vai, além de conhecer, de cor e salteado, que nada acontece por acaso e que há forte razão para as dificuldades pelas quais esteja passando, de qualquer ordem, mesmo que gravíssimas, já que as Leis Naturais são perfeitas e, por isso mesmo, não sofrem alteração, não havendo, na Criação, privilégio de qualquer espécie a quem quer que seja.
Bem ao contrário, o Espírita deveria ser alegre e muito grato pela excelente oportunidade de que desfruta, uma vez mais, pela via da reencarnação, de poder ajustar e reajustar contas, de poder corrigir erros, males e equívocos, e seguir aprendendo e evoluindo sempre, na busca permanente da perfeição relativa e da felicidade suprema, destino final dos seres humanos.
Por fim, deveria o Espírita ter sempre presente em seu dia-a-dia a recomendação contida na obra "O Evangelho segundo o Espiritismo", capítulo XVII, página 276, 111ª edição, FEB, 1995, assim lançada: "Reconhece-se o verdadeiro Espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más".
Essas brevíssimas considerações, que poderiam ser acrescidas de outros tantos e inúmeros exemplos de pequenos esforços ao nosso alcance, pretenderam demonstrar que todos nós, independentemente de condições financeiras, étnicas, culturais, sociais, profissionais, etc., estamos em condições de melhorar sempre, começando ou recomeçando, fazendo apenas insignificantes esforços, com o que, e até mesmo sem que muitas vezes o percebamos, estaremos contribuindo para a harmonia e o equilíbrio das relações humanas, sem contar a melhoria que seguramente advirá ao ambiente em que nos encontrarmos.
E, é por demais evidente, os primeiros e maiores beneficiários desses esforços e dessa melhoria seremos nós mesmos.
Aquele que pratica o Bem, que se torna útil ao semelhante e que, sobretudo, o ama como a si mesmo, só pode ser beneficiado!
Antônio Moris Cury, advogado,
procurador do Município de Curitiba.
Jornal Mundo Espírita de Dezembro de 1999.
 Estudando O Livro dos Espíritos - Allan Kardec.
685. Tem o homem o direito de repousar na velhice?
Resposta: Sim, que a nada é obrigado, senão de acordo com as suas forças.
685a) - Mas, que há de fazer o velho que precisa trabalhar para viver e não pode?
 Resposta: O forte deve trabalhar para o fraco. Não tendo este família, a sociedade deve fazer as vezes desta. É a lei de caridade.
Allan .Kardec.: Não basta se diga ao homem que lhe corre o dever de trabalhar. É preciso que aquele que tem de prover à sua existência por meio do trabalho encontre em que se ocupar, o que nem sempre acontece. Quando se generaliza, a suspensão do trabalho assume as proporções de um flagelo, qual a miséria. A ciência econômica procura remédio para isso no equilíbrio entre a produção e o consumo. Mas, esse equilíbrio, dado seja possível estabelecer-se, sofrerá sempre intermitências, durante as quais não deixa o trabalhador de ter que viver. Há um elemento, que se não costuma fazer pesar na balança e sem o qual a ciência econômica não passa de simples teoria. Esse elemento é a educação, não a educação intelectual, mas a educação moral. Não nos referimos, porém, à educação moral pelos livros e sim à que consiste na arte de formar os caracteres, à que incute hábitos, porquanto a educação é o conjunto dos hábitos adquiridos. Considerando-se a aluvião de indivíduos que todos os dias são lançados na torrente da população, sem princípios, sem freio e entregues a seus próprios instintos, serão de espantar as conseqüências desastrosas que daí decorrem? Quando essa arte for conhecida, compreendida e praticada, o homem terá no mundo hábitos de ordem e de previdência para consigo mesmo e para com os seus, de respeito a tudo o que é respeitável, hábitos que lhe permitirão atravessar menos penosamente os maus dias inevitáveis. A desordem e a imprevidência são duas chagas que só uma educação bem entendida pode curar. Esse o ponto de partida, o elemento real do bem-estar, o penhor da segurança de todos.

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