domingo, 16 de dezembro de 2012

Ecos do Mundo - Hammed


“A transmissão do pensamento ocorre também por intermédio do Espírito do Médium, ou melhor, de sua alma, uma vez que designam sob esse nome o Espírito encarnado. O Espírito estranho, neste caso, não atua sobre a mão para fazê-lo escrever; neste caso, não a toma, não a guia, ele age sobre a alma, com a qual se identifica.” ( Livro dos Médiuns – Allan Kardec, 2ª parte – cap. XV, item 180).

A proposta de Sócrates­-“Conhece-te a ti mesmo”-pode ser comparada simbologicamente com a “pedra filosofal”1 , que ilumina e transforma nosso mundo íntimo para que tomemos consciência de nossos sentimentos e emoções no exato momento em que eles ocorrem.
Na França do século XVII, afirma Blaise Pascal: “À medida que temos mais luz, mais grandeza e baixeza descobrimos no homem”.
O autoconhecimento proporciona ao individuo uma consciência auto-reflexiva.  A mente consegue supervisionar as reações, identificando e nomeando as emoções despertadas.
Á primeira vista, pode parecer que nossas sensações não requeiram esclarecimento, por nos parecerem demasiadamente claras e evidentes; porém, se fizermos uma reflexão mais acurada, percebemos o quanto fomos indiferentes ao que realmente sentimos diante do fato ocorrido.
A autoconsciência é a capacidade de registrar tudo o que está sendo vivenciado. Ao discernirmos a emoção manifestada, damos o primeiro passo para o autocontrole emocional e, em virtude disso, quando entrarmos num estado negativo, não ficaremos nele demoradamente, remoendo-o, mas sairemos dessa situação de modo mais rápido. Em síntese, a compreensão nos ajuda a administrar nossas emoções.
Existe uma enorme distância entre “estar consciente” das sensações e “querer afastá-las”. Por exemplo: ao dizermos “não devo sentir isso”, estamos evitando nosso “sentir”. Quando, de forma sincera, nos perguntamos: “o que realmente estou sentindo?”, ai, sim, iniciaremos o processo da autoconsciência – a compreensão de nossas sensações intimas.
“Estar ciente” de nosso estado de espírito não é possuir uma atenção julgadora e punitiva de nossos estados mais profundos, querendo nos livrar deles ou tentando mudá-los de modo impulsivo, mas fazer uma boa observação equânime dos sentimentos desordenados ou agitados.
No melhor de si, o entendimento dos sentidos nos leva a um maior grau de liberdade ou de livre escolha; em suma, uma opção de agir baseada em nossos sentimentos e emoções, conforme nos convier.
À medida que um individuo não admite ou não reconhece o que ocorre em seu campo sensório, ele se torna um “mau intérprete” de si mesmo e, como consequência, não consegue traduzir com clareza o que sentem as inteligências (encarnadas ou não) que com ele convivem.
Como “a transmissão do pensamento ocorre também por intermédio do Espírito do médium, ou melhor, de sua alma (...)”, se a recepção das ondas mentais foi inadequada, a mensagem pode perder sua autenticidade.
Se ele não registra a totalidade de sua vida emocional, isto é, não “incorpora” a si mesmo, como irá reproduzir um outro pensamento ou ideia sem prejudicar a pureza das impressões transmitidas? No entanto, se for autoconscientizado, estará em sintonia com o campo magnético à sua volta, por que compreendeu que essa área energética exercerá influencia sobre ele próprio e produzirá um fluxo que facilitará suas comunicações interpessoais e, igualmente, aquelas com as dimensões invisíveis da Vida.
Nossos sentimentos e emoções sempre estão nos dizendo sobre nossas necessidades e relações (físicas ou transcendentais) com os outros. Sensações devem ser incorporadas ou integradas; aceitá-las não quer dizer que devamos agir e acordo com elas, mas, simplesmente, que nós as, percebemos como realmente são. As três etapas: conscientização, aceitação e reflexão fazem parte de um processo que proporciona saúde mental e/ou espiritual.
As criaturas denominadas ecos do mundo são aquelas que estão na Terra à mercê de tudo o que as rodeia. Estão envolvidas inconscientemente, por coisas, pessoas, situações e fatos, como folhas perdidas ao vento na imensidão de uma planície. Elas desconhecem as raízes de suas reações emocionais e ignoram as energias que chegam em seu campo sensório.
O ser autoconsciente não é apenas aquele que é suscetível às sensações agradáveis e refrescantes, ou aquelas que o envolvem numa atmosfera de calor e mal-estar quando alguém dele se aproxima. Tampouco é aquele que registra os efeitos de energia na pele, ou seja, os toques de sua “aura” com outras “auras”. Arrepios são subprodutos de uma força energética que atinge os plexos nervosos, provocando uma irradiação pela superfície cutânea.
Para adquirirmos uma autoconsciência plenificadora, é preciso, acima de tudo, aprendermos a interagir em todo o nosso campo sensorial, percebendo o que as emoções querem nos dizer ou mostrar.
A mente e a alma estão interligadas. A expressividade de uma pessoa é determinada pelo seu nível energético, ou melhor, pela quantidade de energia que ela possui e pelo seu grau de entendimento em relação a essas mesmas energias.
Os indivíduos que não falam e não se conduzem de acordo com suas próprias sensações energéticas quase sempre são inexpressivos. Não são “espirituosos”; em outras palavras, não se utilizam de seu espírito para agir. São considerados reflexos do mundo ou vozes ao léu. Cada um de nós deve assumir o comando da própria casa mental.
Nesse caso o envolvimento fluídico assume vários aspectos. A pessoa se torna “médium” do que os outros querem que ela diga e faça. Ela diz: “não sei o que se passa comigo; tenho mudanças radicais e instáveis de comportamento, quase não me reconheço”.
Na verdade, não é ela quem está vivendo, e sim quem vive e move seus sentimentos e reações – os inúmeros eus que a dirigem e influenciam espiritualmente.
Nem sempre a criatura é convertida em objeto pelos outros; freqüentemente, ela mesma se faz objeto de uso da esfera invisível.
Se nós não conhecermos o elemento responsável pelos nossos conflitos, como podemos nos livrar deles?
É evidente que quase sempre não reconhecemos a nós mesmos como os responsáveis pelas nossas dificuldades, e tratamos sempre de pôr a culpa nos outros.
O conhecimento do que somos é a nossa mais importante missão na Terra. O autoconhecimento nos deixa mais sintonizados com os sinais sutis dos mundos interno e externo, além de nos indicar os melhore caminhos para interagir harmonicamente com os outros, sem nos deixar à mercê das influências deles.
Nota do autor espiritual: “Pedra filosofal” - substancia lendária procurada insistentemente pelos alquimistas medievais, porque se acreditava que ela possuía a capacidade de transformar em ouro os mais vis dos metais.
Livro: A Imensidão dos Sentidos.
Espírito: Hammed.
Médium: Francisco do Espírito Santo Neto.

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