quinta-feira, 12 de abril de 2012

Deus e a Reencarnação


DEUS E A REENCARNAÇÃO
Merlânio Maia 
Ah! Mistérios, ah! Mistérios...
Quantas dores neste mundo
Que do berço ao cemitério
Traduz-se vil e infecundo
E o homem gritando aos céus
Pergunta em vão: - Por que Deus?
No exercício da razão
Onde a justiça na vida?
Por que a dor descabida?
Eis a divina equação

Se Deus é Bom e é justo
E é Todo onipotente
Por que há o mal, meu Deus?
Será que Deus vive ausente?
Ou não tem poder assim
Ou não quer do mal o fim?
E ao mal não elimina?
Seremos obras do acaso?
Se Deus ainda faz caso
Onde a Justiça Divina?

Como entender que o perverso
O cruel, o enganador,
Que semeia no universo
Grito, sofrimento e dor
Tenha uma vida tranquila
Quando trama e aniquila
Dos mais pobres a esperança
E o usurário, o egoísta,
O criminoso estadista
Vive e morre na abastança?

Por outro lado o pequeno
O pobre que não tem paz
Trabalha de sol a sol
Sem nenhum conforto a mais
E a criança doente,
De enfermidade potente?
E outra que vem mutilada?
Onde, meu Deus, a justiça?
Que iniquidade enfermiça
Da tragédia desgraçada?

Mas Deus, Senhor amoroso,
Desde toda criação
Mostra-se um Pai bondoso
Que nos resolve a questão
Sua fórmula matemática
É perfeita, plena, prática,
Em todos os atos seus
E indica a reencarnação
Como única solução
Eis a justiça de Deus

Mostra que a reencarnação
É o perdão ilimitado
Como a reeducação
Para aquele desgraçado
Criminoso, e quem voltou
Mutilado, mutilou!
O enfermo, faltou com o Bem,
Na miséria, o milionário
Esbanjador, usurário,
Faltou com o amor também!

É impossível crer em Deus
Sem a reencarnação!
Sem esta os atos seus
Seriam a torpe versão
De um deus mesquinho e cruel
Criador de inferno e céu
Destruidor mais voraz
Sádico, cheio de maldade...
Inferior a humanidade
Que o homem seria mais

Impossível aceitar
Deus sem reencarnação
Seria um deus sem amar
Seria um deus de ilusão
Mas com a palingenesia
A humanidade estagia
Numa educação constante
De uma justiça divina
Que ampara, instrui e ilumina,
Para o progresso radiante!

Deus é o Pai onipotente
Que cria e embeleza a vida
É o amor onipresente
É a verdade incontida
Imanência e transcendência
É a própria onisciência
Pelos Universos seus
E o progresso é a perfeição
Pois sem a reencarnação
Não há justiça, nem Deus!

Estudando O Livro dos Espíritos – Allan Kardec
II – Justiça da Reencarnação
171. Sobre o que se funda o dogma da reencarnação?
— Sobre a justiça de Deus e a revelação, pois não nos cansamos de repetir: um bom pai deixa sempre aos filhos uma porta aberta ao arrependimento. A razão não diz que seria injusto privar para sempre da felicidade eterna daqueles cujo melhoramento não dependeu deles mesmos? Todos os homens não são filhos de Deus? Somente entre os homens egoístas é que se encontram a iniqüidade, o ódio implacável e os castigos sem perdão.
 Comentário de Kardec: Todos os Espíritos também tendem a perfeição, e Deus lhes proporciona os meios de consegui-la, com as provas da vida corpórea. Mas, na sua justiça, permite-lhes realizar, em novas existências, aquilo que não puderam fazer ou acabar numa primeira prova.
  Não estaria de acordo com a eqüidade, nem segundo a bondade de Deus, castigar para sempre aqueles que encontraram obstáculos ao seu melhoramento, independentemente de sua vontade, no próprio meio em que foram colocados. Se a sorte do homem fosse irrevogavelmente fixada após a sua morte, Deus não teria pesado as ações de todos na mesma balança e não os teria tratado com imparcialidade.
  A doutrina da reencarnação, que consiste em admitir para o homem muitas existências sucessivas, é a única que corresponde a idéia da justiça de Deus, com respeito aos homens de condição moral interior; a única que pode explicar o nosso futuro e fundamentar as nossas esperanças, pois oferece-nos o meio de resgatarmos os nossos erros através de novas provas. A razão assim nos diz, e é o que os Espíritos nos ensinam.
  O homem que tem consciência da sua inferioridade encontra na doutrina da reencarnação uma consoladora esperança. Se crê na justiça de Deus, não pode esperar que, por toda a eternidade, haja de ser igual aos que agiram melhor do que ele. O pensamento de que essa inferioridade não o deserdará para sempre do bem supremo e que ele poderá conquistá-lo através de novos esforços o ampara e lhe reanima a coragem. Qual é aquele que, no fim da sua carreira, não lamenta ter adquirido demasiada tarde uma experiência que já não pode aproveitar? Pois esta experiência tardia não estará perdida: ele a aproveitará numa nova existência.

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