quinta-feira, 1 de março de 2012

Obsessão - Tipos e Mecanismo

“Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo” (1Jo 4.1)

465. Com que fim os Espíritos imperfeitos nos induzem ao mal?
“Para que sofrais como eles sofrem”.
465a. E isso lhes diminui os sofrimentos?
“Não; mas fazem-no por inveja, por não poderem suportar que haja seres felizes.”
466. Por que permite Deus que Espíritos nos excitem ao mal?
“Os Espíritos imperfeitos são instrumentos próprios a por em prova a fé e a constância dos homens na prática do bem. Como Espírito que és, tens que progredir na ciência do infinito. Daí o passares pelas provas do mal, para chegares ao bem. A nossa missão consiste em te colocarmos no bom caminho. Desde que sobre ti atuam influências más, é que as atrais, desejando o mal; porquanto os Espíritos inferiores correm a te auxiliar no mal, logo que desejes praticá-lo. Só quando queiras o mal, podem eles ajudar-te para a prática do mal. Se fores propenso ao assassínio, terás em torno de ti uma nuvem de Espíritos a te alimentarem no íntimo esse pendor. Mas outros também te cercarão, esforçando-se por te influenciarem para o bem, o que restabelece o equilíbrio da balança e te deixa senhor dos teus atos.”
É assim que Deus confia à nossa consciência a escolha do caminho que devamos seguir e a liberdade de ceder a uma ou outra das influências contrárias que se exercem sobre nós.
472. Os Espíritos que procuram atrair-nos para o mal se limitam a aproveitar as circunstâncias em que nos achamos, ou podem também criá-las?
“Aproveitam as circunstâncias ocorrentes, mas também costumam criá-las, impelindo-vos, mau grado vosso, para aquilo que cobiçais. Assim, por exemplo, encontra um homem, no seu caminho, certa quantia. Não penses tenham sido os Espíritos que a trouxeram para ali. Mas, eles podem inspirar ao homem a idéia de tomar aquela direção e sugerir-lhe depois a de se apoderar da importância achada, enquanto outros lhe sugerem a de restituir o dinheiro ao seu legítimo dono. O mesmo se dá com relação a todas as demais tentações.” (O Livro dos Espíritos / Allan Kardec)
“Na obsessão, o Espírito atua exteriormente, com a ajuda do seu perispírito, que ele identifica com o do encarnado, ficando este afinal enlaçado por uma como teia e constrangido a proceder contra a sua vontade.” (Livro: A Gênese / Allan kardec).
Tipos:
A obsessão é o processo através do qual um Espírito exerce a sua vontade sobre outro. Pode ser de encarnado para encarnado, de encarnado para desencarnado, e de desencarnado para encarnado.
A obsessão estudada por Allan Kardec é a influência que um Espírito desencarnado exerce sobre uma criatura humana da Terra.
Pode ser dividida em 3 espécies, ou graus: Obsessão Simples, Fascinação e Subjugação.
Na obsessão simples existe um espírito ignorante, tentando perturbar a criatura. Ele não se disfarça, não tenta enganar. No entanto causa embaraços e distonias emocionais. Com o exercício da vontade, e a perseverança nos bons propósitos a criatura pode se libertar facilmente dessa influencia perniciosa. O espírito se dá conta que perde o seu tempo, que a pessoa não atende as suas sugestões e vai embora.
Na Obsessão por Fascinação, o processo é diferente. O Espírito produz uma ilusão na pessoa. É uma fixação ideológica. A pessoa se acha muito importante. Caso seja médium ostensivo, o obsidiado se acredita portador de uma missão especial, tendo como tarefa receber comunicações de espíritos famosos, superiores. Se acredita infalível. Não consegue admitir que alguém não pense como ele pensa. Se alguém fala alguma coisa, que vai de encontro a ele, se alguém o chama a atenção para qualquer equivoco, ele se melindra, e se afasta de todo aquele que tenta corrigi-lo. Se isola, influenciado por esse espírito fascinador.
A entidade espiritual é ardilosa, utiliza de mecanismos muito inteligentes, se disfarça com máscaras para ser bem recebida. Pode ter uma postura hipócrita. Usa termos como “caridade”, “humildade”, “benevolência”, sem o menor constrangimento. No entanto, um observador atento consegue detectar que esse Espírito deixa os seus sinais de inferioridade. Portanto, não pode se tratar de uma entidade superior.
      Por fim, a Subjugação. No passado era muito comum usar o termo possessão. No entanto, Allan Kardec preferiu não usar esse termo, porque um espírito não toma posse do outro. O que existe é uma influencia perispiritual (perispírito do desencarnado ligado ao perispírito do encarnado).
A subjugação caracteriza-se pela paralisia da vontade do obsidiado. Podendo levar a pessoa à atitudes estranhas socialmente. Vejamos um caso:
Conhecemos um homem, que não era jovem, nem belo e que, sob o império de uma obsessão dessa natureza, se via constrangido, por uma força irresistível, a pôr-se de joelhos diante de uma moça a cujo respeito nenhuma pretensão nutria e pedi-la em casamento. Outras vezes, sentia nas costas e nos jarretes uma pressão enérgica, que o forçava, não obstante a resistência que lhe opunha, a se ajoelhar e beijar o chão nos lugares públicos e em presença da multidão. Esse homem passava por louco entre as pessoas de suas relações; estamos, porém, convencidos de que absolutamente não o era; porquanto tinha consciência plena do ridículo do que fazia contra a sua vontade e com isso sofria horrivelmente. (Allan Kardec)
Existem vários fatores que contribuem para a manifestação obsessiva. Pode ser o desejo que o Espírito tem em fazer os outros sofrerem. As vezes tentam influenciar pessoas honestas e bondosas, porque essas lhes causam inveja. Odeiam e invejam o bem. O homem de bem, pode até se sentir influenciado por esses espíritos, sem necessariamente estar obsidiado. No entanto se ele se deixa levar pela influencia, se ele cai nas tentações que esses espíritos provocam pode tombar na obsessão.
    Há casos em que os espíritos se vinculam a determinadas pessoas pelo fato de possuírem as mesmas preferências, os mesmos gostos: Afinidade de pensamento. É o caso dos fumantes, alcoólatras, drogados, sexólatras. E por fim, os casos de vingança. O encarnado fez mal a alguém que não o perdoou, e agora quer vingança.
Mecanismos:
Porém, em qualquer caso de Obsessão a matriz está no obsidiado. A origem está no seu comportamento moral e mental – desta vida, ou de existências passadas.
A obsessão é um distúrbio espiritual de largo curso, e pode levar a loucura ou desequilíbrios mentais, emocionais e fisiológicos.
Amores apaixonados, ódios intensos, dominação absolutista, fanatismo, avareza incontrolável, ciúme doentio, abuso do direito e da força, má distribuição de valores financeiros, aquisição desonesta de uma posse, paixões políticas, ganância, orgulho e presunção – que são o egoísmo nas suas múltiplas apresentações – podem gerar a Obsessão.
A obsessão é uma espécie de hipnose. A idéia vai se fixando de fora para dentro. Mas também se caracteriza de dentro para fora, graças as faltas cometidas em reencarnações passadas, e ainda não corrigidas. Esses desequilíbrios renascem em forma de remorsos, recalques, complexos negativos, frustrações, ansiedades, e a pessoa fica em um verdadeiro auto – suplício. De um lado, ha uma vantagem nisso, porque dificulta que a pessoa cometa novos equívocos. Porém, infelizmente, produz desequilíbrios mais sérios!
Um fator predisponente, portanto, para a Obsessão são os débitos do passado espiritual: A mente culpada.
Joanna de Ângelis afirma:
“Da idéia simples, que insiste, perseverante, à fascinação estonteante, contínua, até à subjugação vencedora, a obsessão é, em nossos dias, o mais terrível flagelo com que se vê a braços a humanidade...”
Histórico:
A história da humanidade sempre testemunhou obsessões cruéis.  Inúmeros atormentados, da polaridade masculina ou feminina, passaram pelo mundo em macabras manifestações, de guerras sanguissedentas, de sensualidade, de paixões de toda ordem, de dominações...
Mas, não faz muito tempo que nós presenciamos a fúria obsessiva do racismo, que nos campos de concentração de inúmeros paises, praticaram os mais selvagens crimes contra o homem, a sociedade, e conseqüentemente contra Deus.
A obsessão não tem preferência pelo meio que deve atuar. Pode se desenvolver nos ambientes em que predominam a ignorância, o analfabetismo, o primitivismo. Manifesta-se também, e muito facilmente, entre os que são calculistas e imediatistas, encontrando neles o campo interior propicio a se ampliar. Penetra nas cabeças coroadas de ouro e jóias preciosas, em berços de ouro e em palácios de poder, contribuindo com o suicídio, homicídio, e o crime em geral.
Bibliografia
A Gênese – Allan Kardec – 36ª Edição, Editado pela Federação Espírita Brasileira - 1944.
Estudos Espíritas – Joanna de Angelis (Espírito) – 6a Edição, Editado pela Federação Espírita Brasileira – 1982.
O Livro dos Espíritos: - Allan Kardec – 76a Edição, Editado pela Federação Espírita Brasileira – 1944.
O Livro dos Médiuns – Allan Kardec – 62a Edição, Editado pela Federação Espírita Brasileira – 1944.

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