domingo, 16 de outubro de 2011

Obsessão e Influenciação


 Obsessão é a ação persistente que um mau Espírito exerce sobre um indivíduo. Apresenta caracteres muito diferentes, desde a simples influência moral, sem sinais exteriores sensíveis, até a perturbação completa do organismo e das faculdades mentais. Os maus Espíritos pululam ao redor da Terra, em conseqüência da inferioridade moral dos seus habitantes. Sua ação malfazeja faz parte dos flagelos dos quais a Humanidade é o alvo neste mundo. A obsessão, como as doenças, e todas as tribulações da vida, deve, pois, ser considerada como uma prova ou uma expiação, e aceita como tal.
Da mesma forma que as doenças são o resultado de imperfeições físicas que tornam o corpo acessível às influências perniciosas exteriores, a obsessão é sempre o resultado de uma imperfeição moral que o expõe a um mau Espírito. A uma causa física se opõe uma força física: a uma causa moral, é preciso opor uma força moral. Para se preservar das doenças, fortifica-se o corpo; para se garantir da obsessão, é preciso fortalecer a alma; daí, para o obsidiado, a necessidade de trabalhar pela sua própria melhoria, o que basta, o mais freqüentemente, para livrá-lo do obsessor, sem o socorro de pessoas estranhas. Esse socorro torna-se necessário quando a obsessão degenera em subjugação e em possessão, porque, então, o paciente perde, por vezes, a sua vontade e o seu livre arbítrio.
A obsessão é quase sempre o resultado de uma vingança exercida por um Espírito, e que, o mais freqüentemente, tem sua origem nas relações que o obsidiado teve com ele numa precedente existência.
Nos casos de obsessão grave, o obsidiado está como envolvido e impregnado de um fluido pernicioso que neutraliza a ação dos fluidos salutares e os repele. É desse fluido que é preciso desembaraçá-lo; ora, um mau fluido não pode ser repelido por um mau fluido. Por uma ação idêntica à do médium curador nos casos de doenças, é preciso expulsar o fluido mau com a ajuda de um fluido melhor que produza, de alguma sorte, o efeito de um reativo. Essa é a ação mecânica, mas que não basta; é preciso também, e sobretudo, agir sobre o ser inteligente com o qual é preciso ter o direito de falar com autoridade, e essa autoridade não é dada senão pela superioridade moral; quanto mais esta é grande, maior é a autoridade.
Ainda não é tudo; para assegurar a libertação, é preciso levar o Espírito perverso a renunciar aos seus maus desígnios; é preciso fazer nascer nele o arrependimento e o desejo do bem, com a ajuda de instruções habilmente dirigidas, nas evocações particulares feitas com vistas à sua educação moral; então, pode-se ter a dupla satisfação de livrar um encarnado e converter um Espírito imperfeito.
A tarefa torna-se mais fácil quando o obsidiado, compreendendo a sua situação, traz seu concurso de vontade e de prece; não ocorre assim quando este, seduzido pelo Espírito enganador, ilude-se sobre as qualidades daquele que o domina, e se compraz no erro em que este último o mergulha; porque então, longe de secundar, ele repele toda assistência. É o caso da fascinação, sempre infinitamente mais rebelde do que a subjugação mais violenta. (O Livro dos Médiuns, cap. XXIII).
Em todos os casos de obsessão, a prece é o mais poderoso auxiliar para agir contra o Espírito obsessor. (Evang. Seg. O Espiritismo, Cap. 28, item 81).
Quando um Espírito, bom ou mau, quer agir sobre um indivíduo, ele o envolve, por assim dizer, com o seu perispírito, como um manto; os fluidos se penetram, os dois pensamentos e as duas vontades se confundem, e o Espírito pode, então, se servir desse corpo como do seu próprio, fazê-lo agir segundo a sua vontade, falar, escrever, desenhar, tais são os médiuns. Se o Espírito é bom, a sua ação é doce, benfazeja; ele não leva a fazer senão boas coisas; se é mau, leva a fazê-las más; se é perverso e mau, constrange-o, como numa rede, paralisa até a sua vontade, o seu julgamento mesmo, que abafa sob o seu fluido, como se abafa o fogo sob uma camada de água; fá-lo pensar, falar, agir por ele, impele-o, apesar dele, a atos extravagantes ou ridículos, em uma palavra, o magnetiza, o cataleptiza moralmente, e o indivíduo se torna um instrumento cego de suas vontades. Tal é a causa da obsessão, da fascinação e da subjugação, que se mostram em graus de intensidade muito diferentes. É ao paroxismo da subjugação que se chama vulgarmente de possessão. Há a se anotar que, neste caso, freqüentemente, o indivíduo tem a consciência de que o que faz é ridículo, mas é constrangido a fazê-lo, como se um homem mais vigoroso do que ele fizesse mover, contra a sua vontade, os seus braços, as suas pernas e a sua língua. (Obras Póstumas, Primeira Parte, item 56, § 7)
Motivos das obsessões:
Os motivos da obsessão variam segundo o caráter dos Espíritos: algumas vezes é uma vingança que exerce sobre um indivíduo do qual tem algo a se queixar durante esta vida ou em uma outra existência; freqüentemente, também, não há outra razão do que o desejo de fazer o mal; como sofre, quer fazer sofrer aos outros; encontra uma espécie de  gozo em atormentá-los, em vexá-los: além disso, a impaciência que se demonstra o excita, porque tal é o seu objetivo, ao passo que desiste pela paciência;  em se irritando, mostrando despeito, se faz precisamente o que ele quer. Esses Espíritos por vezes, atuam com ódio e por inveja do bem; é por isso que  lançam suas vistas  malfazejas sobre as mais honestas pessoas. Um deles se agarrou como uma sarna a uma honorável família do nosso conhecimento, que não tem, de resto, a satisfação de tomar por vítima; interrogado sobre o motivo pelo qual tinha atacado as pessoas honradas, antes que a homens maus como ele, respondeu: Estes  não me fazem inveja. Outros são guiados por um sentimento de covardia que os levam a aproveitar- se  da fraqueza moral de certos indivíduos que sabem incapazes de lhes resistir. Um destes últimos que subjugava um moço de inteligência muito limitada, interrogado sobre os motivos da sua escolha, nos respondeu: Tenho necessidade muito grande de atormentar alguém; uma pessoa razoável me repeliria, eu me ligo a um idiota que não me opõe nenhuma virtude. (Livro dos Médiuns, 245)
Tipos possíveis de obsessão:
 A obsessão simples, que ocorre quando um espírito ou vários influenciam a mente de um médium com suas idéias, mas de maneira tal que o médium consciente percebe. A obsessão simples perturba, podendo causar constrangimento quando o médium inexperiente exprime de forma desavisada pensamentos que não são seus e somente se dá conta disso depois. No entanto, ele, médium, permanece senhor de si mesmo e reconhece quando fala ou age sob influência, sendo a ele possível, com estudo, aprender a controlar-se.
fascinação é uma ação direta e constante do pensamento de um espírito sobre a mente do médium paralisando-lhe o raciocínio de tal modo que este aceita tudo que lhe é passado pelo espírito como a mais pura verdade, reproduzindo, desde informações simplórias aos mais completos disparates, como se fosse tudo fruto da mais profunda sabedoria. O espírito que se dedica à fascinação de um médium é ardiloso pois, primeiro, ele tem que ganhar a confiança irrestrita do médium para aos poucos ir dominando seu raciocínio.
 A subjugação é uma influência tão forte sobre a mente do médium que este não mais raciocina nem age por si mesmo, agindo como marionete do espírito ou dos espíritos que o influenciam.
A obsessão simples tanto pode ser resultado da ação de espíritos voltados para o mal que querem prejudicar o médium por sentir prazer nisso, como de espíritos que identificaram no médium alguém que lhes prejudicou ou agrediu física ou moralmente em outra existência e, não tendo evoluído a ponto de perdoá-lo, dele buscam vingança. A fascinação tanto pode ser uma ação dirigida contra o médium, para fazê-lo parecer ridículo e, assim, humilhá-lo, como uma ação dirigida a um grupo ou a toda uma comunidade visando criar um movimento de oposição a outros voltados ao bem e à busca da verdade. Os casos de subjugação, finalmente, são os mais complexos, pois se trata sempre da ação de espíritos que têm profundo ódio pelo médium, tudo fazendo para lhe arruinar a existência.


Qual o conceito de médium?
Allan Kardec: “Médium é toda pessoa que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos. Essa faculdade é inerente ao homem e, por conseguinte, não constitui um privilégio exclusivo. Por isso mesmo, raras são as pessoas que não possuam alguns rudimentos dessa faculdade. Pode-se, pois, dizer que todos são mais ou menos médiuns. Usualmente, porém, essa qualificação só se aplica àqueles em quem a faculdade se mostra bem caracterizada e se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade, o que depende de uma organização mais ou menos sensitiva”.

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